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Pensamento Sistêmico e as Consultorias

Pensamento Sistêmico é a quinta disciplina de Peter Senge. Segundo ele, estamos viciados em arquétipos de comportamentos que nos cegam. Não nos permitem agir de maneira positiva, pois ficamos presos à visão curta, setorizada, onde acreditamos que causa e efeito estejam próximos no tempo, coisa que raramente acontece.

Entender estes arquétipos tão brilhantemente desenhados por Senge, é o primeiro passo para escapar deles e ganhar em eficácia, resultados que favorecem o todo e aprendizado retido nas organizações.

Um dos arquétipos que destaco é o da “Transferência de Responsabilidade para o interventor”. O desenho abaixo ilustra este arquétipo.

Você tem um problema de performance, julga que seu staff não está preparado para resolver o problema sozinho, no prazo que acredita ser razoável. A solução é trazer uma consultoria para resolver o problema com mais foco, mais profundidade e mais velocidade. Funciona! A consultoria vai embora. Outro problema (ou o mesmo) surge. Por não ter sido exposto de maneira adequada ao problema anterior, seu staff não está preparado para encarar este novo problema. Isso reforça tua sensação de que o staff não dá conta. A consultoria é chamada. Resolve o problema novamente.

Isso vira um ciclo que chamo de “ciclo de emburrecimento da equipe”. Não vale apenas para consultorias, mas para soluções de curto prazo também. Toda vez que tomo uma medida do tipo “apagamento de incêndio” e não vou na causa fundamental, tenho a sensação de que resolvi o problema, vou para casa como herói, mas estou emburrecendo o sistema.

Quer um terceiro exemplo da aplicação do mesmo arquétipo? Liderança! Sim, toda vez que um líder que não fez a transição adequada de líder de si mesmo para líder de outros, resolve um problema no lugar de seu liderado, pois o mesmo ainda não está preparado ou é muito lento, isso vai fazer com ele fique menos preparado e mais lento, reforçando a sua crença. É a profecia autorrealizável em ação aqui.

Seja na solução de problemas, na atuação da consultoria ou no papel da liderança, quando o agente decisor entende a perversidade deste arquétipo, respira fundo e investe em quebrar o ciclo – aguentando a pressão do delay – está fazendo um favor inestimável a si mesmo, à sua equipe e aos resultados sustentáveis da empresa.

A esta altura você pode estar pensando, um consultor dizendo que consultoria é algo ruim. De jeito nenhum, não sou louco. Consultoria pode trazer uma solução mais rápida e estruturada, de fato, e deve ser usada sempre que isso é necessário. Mas existem consultorias que atuam de forma a não serem mais necessárias para os mesmos problemas. Essas entenderam o arquétipo de Senge, jogam limpo com seus clientes e garantem o encantamento. Tem as que não entenderam, e entram no jogo dos apagadores de incêndio. Tem também as que entenderam bem o suficiente, mas usam do jeito errado. Fuja dessas!